Por Ricardo Aragão
No meu tempo de criança,
Era grande a animação.
Um magote de minino,
Do pequeno ao grandão,
Não faltava brincadeira,
Conversando só besteira,
Aprontando malinação.
Das brincadeiras da época,
De todas me lembro bem.
Trinta e um ou esconder,
Da fedora lembro também.
Brincar de caiu-no-poço
Causava grande alvoroço
Quando beijava-se alguém!
No nosso Sítio Lagoa,
Tinha muita aventura!
Tirava-se mel de abelha
Sem nenhuma armadura!
Ferroadas eram tantas,
Eu levei não sei nem quantas,
Mas valia pela fartura.
Ao chegarmos da escola,
Antes mesmo de almoçar,
O destino era o riacho
Pra brincar e se banhar.
E a danação não parava,
De tudo ali se brincava
Até a mamãe nos chamar.
“Passa pra casa menino,
Que o almoço tá servido.
Passa logo, tô chamando!
Deixa de ser maluvido!
Te alui e vem almoçar,
Pois depois vai estudar!”
Tava dado aquele aviso
Depois de tanta aventura,
Com a fome a maltratar,
Aquela comida quentinha
Mais parecia um manjar!
Arroz com carne e feijão
Ou então um bom baião,
Água na boca ainda dá.
Um tempo maravilhoso,
Na minha infância passei!
E vida melhor no mundo,
Como adulto eu não terei.
Mas carrego na lembrança
O meu tempo de criança,
Que jamais esquecerei!
Esse tempo já passou.
Pois o tempo só avança!
Daqueles dias tão bons,
Período de esperança,
Só me resta a saudade
De tão doce mocidade...
De uma vida tão mansa!
Ricardo Aragão
Ipu, Jan/2010
Ipu, Jan/2010
* Foto (Riacho Ipuçaba
Sítio Lagoa - Ipu/CE)
Ricardo Aragão
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12 comentários:
Parabéns, Ricardo.
Tá no sangue... É da raça...
Que rimas bem verdadeiras!
Será que era cachaça...
Teu leite nas mamadeiras?
Abraços.
JOsé Júlio Masrtins Tôrres
Rapaz...que viagem no tempo hein?! Até eu lembrei dos meus bons tempos de criança.
Um grande abraço meu amigo.
Caríssimo Ricardo.
Saúde, felicidade e paz!
Que bom.
Ao voltar do Ipu vou adocicar minha mente.
Sinceramente,
jpMourão
Seus bons sentimentos são profundos.
Felicidades, mil.
Abraços,
Ioneide.
Ricardo.
Muito bonitos seus versos
Que minha vida rimou
Bateu em mim a saudade.
De minha infância lembrou.
Dos folguedos, dos brinquedos.
Dos amigos, do riacho
Outra fase como esta.
Nunca mais terei , eu acho.
Mas tudo passa nesta vida.
Só nos restando as lembranças.
Guardadas dentro do peito
Ainda cheio de esperança
À espera um novo tempo
De alegria e bonança.
Depois vem a mocidade
A fase adulta também
Já nos batendo a saudade.
A saudade de alguém.
Pedro Fortuna.
Obs. Desculpe a brincadeira, não sou poeta, não sei fazer rima.
"Tá no sangue... É da raça...
Que rimas bem verdadeiras!
Será que era cachaça...
Teu leite nas mamadeiras?"
(Júlio Tôrres)
...
Meu camarada poeta,
Que com leveza escreve
Palavras bem aprumadas,
Que pra rimar muito serve.
Com tanta descontração,
O Júlio me deu lição,
Usando de sua verve.
Percebi que nesta vida,
Não adianta esconder
Qualquer segredo guardado
Pra ninguém mais perceber.
Mas em tom de brincadeira,
Pois num é que é verdadeira
A mistura pra beber!
Umas gotas de aguardente,
A popular cachacinha,
Minha mãe acrescentava
Em minha mamadeirinha.
Que gute-gute eu bebia,
Chega os beiços eu lambia
E não sobrava nadinha!
Um abraço, amigo Júlio Tôrres!
Ricardo Aragão
||MEU DOCE TEMPO DE CRIANÇA ||
NÃO FALTAVA BRINCADEIRA,
CONVERSANDO SÓ BESTEIRA,
APRONTANDO MALINAÇÃO.
Quanta verdade, amigo Ricardo. 25 horas por dia feliz...sem razão e sem cansaço.Digo besteira “porque o instante existe e a minha vida está completa”
DAS BRINCADEIRAS DA ÉPOCA,
Fedora é a brincadeira que ficou gravado em minha mente. Das outras tenho apenas vaga lembrança.
AO CHEGARMOS DA ESCOLA,
ANTES MESMO DE ALMOÇAR,
O DESTINO ERA O RIACHO*
PRA BRINCAR E SE BANHAR.
Acabo de reler suas crônicas:“Minha doce infância – sobrevivi” e “Minha arriscada infância - também sobrevivi” e constatei - mais uma vez - a sua maestria em transformar prosa em poesia e poesia e prosa.
Dois caminhos diversos que levam ao mesmo “BRINCAR E SE BANHAR”
SÓ ME RESTA A SAUDADE
DE TÃO DOCE MOCIDADE...
DE UMA VIDA TÃO MANSA!
Com a sua permissão cito um trova de Ferreira Nobre (in memorian).
Ninguém definiu a saudade
Mas alguém já confessou
Que é simplesmente a vontade
Do que volte o que passou.
.
.
Por fim, estou feliz pelo retorno do amigo-poeta ao nosso convívio...Feliz também por saber que prazerosamente volta a escrever...”brigando” para que o seu “doce tempo de criança” não se distancie tanto do adulto-minino.
Que o Sítio da Lagoa... continue alagando sua alma poética.
Parabéns!
AS
MUITO MASSA RICARDO , A CRONICA! NOSTALGIA TOTAL!
PARABÉNS, RICARDO, SALVEI A OBRA. Belíssima!
Parabéns,caro amigo Ricardo.
Você está muito inspirado
E não está pra brincadeira
Eita!!! Cabra despachado!!!
Tomou àgua de cachoeira!!!
Um forte abraço.
Arilo Cavalcanti Jr
Meu caro primo amigo, muito bom-dia
Vendo alguma coisa do seu "doce tempo de criança", voltei alguns anos e encontrei, não em verso, algumas passagens inesquecíveis da minha, senão vejamos: nascido em Sobral em 05 10 1941, fui batizado em Ipueiras em 07 11 1941, tendo como padrinhos o meu avô JOÃO TOMAZ LOURENÇO (O SEU JOÃOZINHO) e Dona Petronilha (a Madrinha Nila), personagens de quem você já deve ter ouvido falar. Aos 07 anos de idade iniciava a minha curtição de passar as férias escolares em Ipueiras na residência de meus avós e padrinhos. Foi numa dessas que fui ao Ipu onde tive a oportunidade de conhecer meus tios Antônio Martins e Auri e daí, em outras ocasiões, tivemos a grande alegria de passar alguns dias no "Carão" palco de muitas de nossas travessuras, quer nas proximidades do engenho, apreciando a moagem de cana, quer nas brincadeiras sobre a área onde era colocado o bagaço da cana, e também nas proximidades do açude. Tais atividades que tinham a participação além de mim, outras crianças, entre elas a NONATINHA, filha do seu Mundinho de Ipueiras, me renderam alguns terços rezados de joelhos sob a vigilância austera da Tia Auri, só sendo liberado com a chegada do Tio Antônio que, apesar das broncas que me dava com aquele vozeirão, além de tirar do castigo ainda me dava um pedaço daquele gostoso tijolinho. Bota saudade nisso! Um grande abraço.
Zefreire
Meu caro amigo Ricardo,
Afilhado do coração.
Que Deus conserve sempre,
Esta tua inspiração.
Falando das brincadeira,
Você me lembrou Ipueiras,
Que mágica recordação.
Um abraço,
Dalinha
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