Este espaço foi pensado para divulgar e discutir a Cidade de Ipu/CE de uma forma bem espontânea, através de crônicas, causos, versos, além de opiniões e comentários diversos, tanto do autor, quanto dos nossos visitantes. O blog IPU EM CRÔNICAS E VERSOS, embora com muita humildade, busca também promover as peculiaridades do Nordeste através do cordel, uma das expressões mais originais de nossa cultura. Sejam todos bem-vindos! (Ricardo Aragão)



29 de dezembro de 2010

OCIOSIDADE







Mas ora, vejam vocês!
Que coisa mais interessante!
A ociosidade deste blog,
Paradão e tão distante.
Sem nenhuma publicação,
Desde a história do coração,
Sem vogal ou consoante!

Mas deve haver um motivo,
Circunstância, explicação.
Que possa esclarecer
Tamanha paralização.
Talvez o tempo não dê
Para o poeta fazer
Essa atualização.

Mas não basta só o texto
Sem a tal inspiração.
Quem sabe esta só venha
Com ajuda da emoção,
Que por sinal só existe,
Sendo alegre ou até triste,
Se houver um coração!

Mas o coração existe,
Este sempre baterá!
Insultando o intelecto
Do poeta polupar
Para fazer um cordel,
Afinal é seu papel,
Esse povo alegrar!



Ricardo Aragão
Ipu/CE, 29/12/10



Imagem: "Quadro Branco Vazio"
http://1.bp.blogspot.com/_8kPpqWayvuA/SNAOQa2xnHI/AAAAAAAABeg/
jT8e-s0lk_A/s320/quadro+branco+vazio.jpg


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1 de setembro de 2010

PEITICA DE BRIGÕES

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Em briga de valentões,

Não se tem um vencedor.

Um quer ganhar no grito,

O outro, no destemor.

Mas o embate é perdido,

Sem vencedor ou vencido,

Perdedor ou Ganhador!




Proseando d'outra forma,

Não perdura a confusão,

Quando não há um consenso,

Encerra-se a discussão.

Pra que ficar na peitica,

Com insulto e futrica,

Se nenhum tem a razão?




Ricardo Aragão
Ipu(CE),Set/2010






Imagem:
Asterix & Obelix

Edição:
Ricardo Aragão

Fonte:
http://www.quirao.com/en/p/figurines/comic-strip-characters-/
18215/asterix-obelix-zizanie-13-resine-leblon-delienne.htm

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29 de junho de 2010

DESTINO SOBERANO

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Quando criança eu ouvia

Às vezes uma canção

Anunciando a profecia

Sobre o meu pobre torrão

Que iria se transformar

Todinho em um grande mar

E o mar num vasto sertão



hoje não mais duvido

Dessa malograda sorte

Ao ver as tantas enchentes

Aqui pras bandas do Norte

Pernambuco e Alagoas

Essas duas terras tão boas

Viraram terras da morte



Com as chuvas que assolam

Os irmãos pernambucanos

E que também tanto afligem

Os pobres alagoanos

Fico a pensar com medo 

Naquele triste enredo

Que ouvia naqueles anos



Mas Deus sabe o que faz

Pra cada um tem um plano

É por isso que pretendo

Continuar só pensando

Sem querer questionar

Nem tão pouco criticar

O destino soberano




Ricardo Aragão
Ipu(CE), Jun/2010






Imagem:
"bello maranhão"

Fonte da Imagem:
http://4.bp.blogspot.com/_f5_poNdYa7M/SgRvPw3y-lI/
AAAAAAAABQI/673A4vCY9xk/s400/bello+maranh%C3%A3o.jpg



 

30 de maio de 2010

A INSPIRAÇÃO


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Eu não sei o que que há

Com essa tal inspiração.

Quando vai, não adverte,

Ficando fora um tempão.

Pois não é que a danada

Me deixou aqui sem nada,

Sem cordel pro meu cordão!




Ricardo Aragão
Ipu(CE),Maio/2010


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23 de abril de 2010

BORIS: UM ANO DE SAUDADE!

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Um ano passa bem rápido.

Não pensei que fosse tanto!

Sem meu pai, aqui do lado,

Sobra-me saudade e pranto.

Mas também boas lembranças

Dos momentos de esperança,

Que vivemos com encanto!



Sua bênção, Pai querido,

Onde quer que ora esteja,

Mas, sei, estás protegido,

E do lado de Deus festeja

Cada nosso bom momento,

Para nós, o grande alento,

É sua paz, temos certeza!






Com muitas saudades...



Borisão, te amo!





Ricardo Aragão
Ipu(CE), 23/04/2010


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18 de abril de 2010

CAUSOS DO IPU - FUMO CHEIROSO (Boris)

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Nesta semana está completando um ano da passagem do meu pai, Antônio Tarcízio Aragão (o saudoso Boris), para sua verdadeira vida, ao lado de Deus. Em homenagem a ele, estaremos editando e publicando alguns de seus escritos aqui, em nosso blog Ipu em Crônicas e Versos. O material é composto, em sua maioria, por crônicas e causos sobre o Ipu e alguns de seus personagens peculiares. Mas, eventualmente, publicaremos também alguns versos do Borisão. Alguns desses escritos já foram publicados noutros ambientes virtuais (como no site da AFAI, por exemplo) e em periódicos da Terra de Iracema, como as séries "Casarões do Ipu" e "Causos do Ipu", as quais reproduziremos aqui neste blog com imenso prazer para que muitas outras pessoas tenham acesso ao que deixou escrito meu querido e amado pai. Com vocês, o primeiro capítulo da série "Causos do Ipu":




FUMO CHEIROSO






Por Boris (Dez/2006)




Há muitas décadas, uma família de Santana do Acaraú(CE) veio de muda aqui para Ipu. Vicente Sabino, casado em segundas núpcias com Dª Nana, trazendo alguns filhos, entre os quais, José Maria Sabino que casou-se com minha tia Maria Clotilde (a saudosa tia Mariinha).

O Sr. Vicente Sabino, homem branco de olhos azuis, muito educado, de bons costumes e ao mesmo tempo cavaquista e gozador, parecia até com um descendente de europeus. Costumava usar uma boina de tecido, suspensórios e tamancos de madeira (na época era comum também para homens), além de adorar pitar um cachimbo.

Seu Vicente era comerciante e encadernador de livros. Em sua bodega vendia de tudo um pouco. Era chamado pelos mais íntimos de tio Vicente. Tinha um excelente "papo" que atraia fregueses e rendia-lhe grandes amizades aqui em Ipu. Sua bodega sempre tinha muita gente, a maioria para conversar e ouvir as estórias do velho.

Lá pelos idos anos quarenta, quando quase não existia variedade de produtos industrializados e quase tudo que se vendia era natural, manufaturado ou fabricado artesanalmente nos sítios e fazendas. Nossa região, principalmente a serra, produzia muito fumo e o seu beneficiamento era feito manualmente e em forma de grossas cordas, meladas com uma calda preta pegajosa, e eram enrodilhadas e embaladas dentro de malas de couro para não ressecar nem perder o aroma.

Tio Vicente, além de ser um especialista no produto, fazia um tradicional torrado de tabaco e o vendia em corrimboques feitos de pontas de chifres de boi, com uma tampa de casco de cabaça, com uma correia de couro para facilitar sua remoção. Era comum gente com um corrimboque no bolso, com torrado para inalar nagiragas que causavam estranha sensação, seguida de crise de espirros.

Naquela época, cigarro industrializado também não era muito comum. Usava-se muito o cigarro de fumo picado e enrolado em palha de milho ou papelina. Meu saudoso sogro, Antônio Carvalho Martins (Martinzão ou Bodão, como era conhecido), conservou essa tradição enquanto fumante e afirmava não existir sabor igual.

Na bodega do tio Vicente tinha algumas malas de fumo sob o balcão e quando o freguês procurava, ele arrastava a ponta da corda de dentro da mala para cima do balcão, onde tinha a vara de medir (régua de madeira própria) e o cortador, em forma de guilhotina.

Conhecia-se o fumo pelo cheiro. Cheiro mais ativo, fumo mais forte; cheiro mais moderado, fumo mais fraco. Mas, entre os extremos, existia uma grande variedade de fumos que só com um sensível faro e bom conhecimento se identificava.

Numa bela manhã de sábado, em plena feira, bodega cheia de gente - uns comprando, outros apenas conversando - um freguês de fumo pede ao tio Vicente:


- Seu Vicente, deixe eu espiá os fumo aí.


Tio Vicente puxa uma corda de fumo, o fregues pega, cheira...


- A mincê me mostre outro aí.


Tio Vicente puxa outra corda, mais outra, e o "cara" só cheirando. Já com o nariz todo melado de golda de fumo, o freguês pede mais uma corda pra experimentar e, quando cheira, solta um estrondoso peido. Meio sem jeito, ainda interpela o tio Vicente:


- A mincê num tem um fumo mais forte aí não?!



Tio Vicente, já p. da vida, responde taxativo:


- Fumo pra cagar eu não tenho não, seu peidão!!!


E já foi enrolando as cordas de fumo para guardá-las sob risos e gargalhadas da platéia presente.





 Redação:
Antônio Tarcízio Aragão
(Boris)



Adaptação / Edição:
Ricardo Aragão



Imagem:
http://i.olhares.com/
data/big/316/3166770.jpg



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12 de abril de 2010

PROGRAMA DO BORIS

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Antônio Tarcízio Aragão (Boris)





Ouvindo belas canções,

O coração fica feliz.

Batendo bem compassado,

Pulsando como quem diz:

Ah! Que bonita canção!

Assim declara o coração

Ao Programa do Boris!



(Ricardo Aragão)






Breve Histórico do
PROGRAMA DO BORIS






Em agosto de 1998, após incessantes convites do amigo e radialista Bosco Farias, Boris - não obstante sua inexperiência radiofônica - aceitou fazer um programa de saudades na Rádio Iracema de Ipu, emissora pioneira na radio-difusão na Terra de Iracema. Nascia o "Programa do Boris", que foi ao ar durante alguns anos na Iracema e durante outro período na Rádio Regional, ambas de Ipu.

Em 2007, após um período longe dos microfones, Boris retomou o seu programa na emissora que o projetara (Rádio Iracema), mantendo a nomeclatura e o estilo do "Programa do Boris".

O retorno foi em pleno vapor, pois o Borisão estava muito motivado pelo reinício de seu programa e ansioso para voltar a levar aos seus ouvintes as belíssimas canções que tornaram o "Programa do Boris" um dos líderes de audiência no município de Ipu e região. Aliás, outro fator que atiçou o interesse do locutor foi o descomunal crescimento da audiência da Rádio Iracema de Ipu, que já estava transmitindo sua programação pela internet e, assim, sendo ouvida por qualquer pessoa em qualquer canto do Planeta Terra. Inclusive, devido a esse advento, Boris passou a anunciar o seu programa como: "Programa do Boris, um programa sem fronteiras!". Boris deu uma roupagem nova ao programa, porém manteve sua identidade, cujas características principais são: a boa música (com ênfase à música brasileira), informações e curiosidades do mundo artístico-musical e, claro, muito romantismo.

Boris faleceu em abril de 2009, mas seu filho Ricardo Aragão deu continuidade àquele que se tornou o programa saudosista mais conhecido e ouvido na região: o "Programa do Boris", mantendo o nome e o estilo que o consagrou.

No entanto, a saudável missão de levar adiante o projeto do inesquecível e insubstituível Borisão à frente do "Programa do Boris" deu a seu novo locutor, Ricardo Aragão, uma grandiosa responsabilidade. Não se trata de, simplesmente, substituir seu velho e saudoso pai (Boris) no comando do seu programa de rádio, pois jamais haverá outro igual ao Boris. Mas, sobretudo, pelo compromisso de manter a qualidade, o estilo e o bom gosto do "Programa do Boris". Contudo, essa missão é bastante atenuada pela predileção que o filho tem pelo gosto musical do pai, peculiaridade esta, que ameniza sobremaneira essa dura, porém prazerosa missão, pois Ricardo Aragão não apenas apresenta o "Programa do Boris", ele curte fazer isto. Eis o segredo!




Ricardo Aragão no "Sábado de Samba"




Ricardo também faz um programa dedicado ao gênero musical que mais identifica o Brasil mundo à fora: o Samba, comandando o programa Sábado de Samba, também pela Rádio Iracema de Ipu, que vai ao ar todo sábado, de meio-dia às 14 horas.

Portanto, se você gosta de boa música e tem interesse nos pomenores do mundo artístico-musical, fica o convite:


* Programa do Boris: toda segunda-feira, das 20 às 22 horas.

* Sábado de Samba: todo sábado, de meio-dia às 14 horas.


Contato: ricardo.boris@gmail.com






Redação, Edição e Fotografia:

Ricardo Aragão
Ipu(CE), Abr/2010



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8 de abril de 2010

OUSADIA DO POETA

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Olhando o nascente sem barra na linha,

Pedimos por chuva no nosso sertão.

Água boa do céu pra molhar nosso chão

E a fertilidade pra nossa terrinha,

Que sente saudade da água que tinha

No poço, no açude, no riacho e no ar.

Do jeito que vai, onde vamos parar?!

Pelo visto o poeta se precipitou.

Pois o mar em sertão não se transformou.

Quem dirá o sertão transformar-se no mar!





Ricardo Aragão
Ipu(CE), Abril/2010




Fotografia
(Faz.Boris - Ipu/CE):
Ricardo Aragão




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7 de abril de 2010

CASARÕES DO IPU

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CASAS DE BITIÃO E ANTÔNIO MARTINS







Por Boris (em 13.05.2007)




Este cantinho do “Quadro da Igrejinha” tem muita coisa em comum para mim e Celininha, minha esposa. À esquerda, já totalmente descaracterizada, a casa onde nasceu meu pai Bitião e todos nós, filhos dele e de nossa saudosa mãe Anna Cavalcante Aragão (Dª Nana). No canto, ao lado do velho sobrado da Rua da Goela, a casa do seu Antônio Carvalho Martins e Dª Auri Lourenço Martins. Naquele recanto, moramos anos e anos, lado a lado, numa saudável e amistosa vizinhança, convivendo quase fraternalmente uma amizade sincera e respeitosa. Não sabíamos, contudo, eu e Celininha, que o destino reservava para nós a continuidade daquela feliz convivência, inobistante o que pudesse acontecer com nossas casas do “Quadro da Igrejinha”. Elas mudaram de donos, mudaram de aparência, mas, continuam muito vivas na história do Ipu. A casa do seu Bitião e a casa do seu Antônio Martins, principalmente para nós, Celininha e eu, que, mesmo involuntariamente, começamos a nos conhecer ali, na sombra acolhedora do velho tamarineiro, e quem sabe, despertando para um sentimento maior, até então não identificado, que somente alguns anos depois, quando já separados pela distância, voltamos a nos aproximar, desta vez unindo-nos para sempre, sabendo o que realmente queríamos, consolidando a felicidade que nos fora reservada e que generosamente dividimos com os nossos filhos que hoje repartem com nossos netos. Esse é o nosso grande patrimônio, a herança deixada pelos nossos antepassados, do sentido verdadeiro da família e o vínculo permanente às nossas raízes.




Boris & Celininha




Antônio Tarcízio Aragão (Boris), nasceu no Ipu em 07/11/1940. Trabalhou por 28 anos ininterruptos na agência do Banco do Brasil de sua terra natal, onde se aposentou, intensificando sua atenção à atividade agro-pastoril, que o levou, por duas vezes, a assumir a Secretaria Municipal de Agricultura de Ipu. Nas letras, publicou diversas crônicas em jornais e páginas eletrônicas de Ipu. Em janeiro de 2009, foi convidado para a Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes – AILCA, ocupando a cadeira nº 28 por pouco tempo, pois faleceu em abril daquele ano, vitimado pelo câncer. Boris deixou um legado de dignidade, honradez e, acima de tudo, respeito pelas pessoas e por sua terra natal, Ipu. (Ricardo Aragão)




Postado por:

Ricardo Aragão
Ipu(CE), Abr/2010



Redação:
Boris




Fotografia e Edição:
Ricardo Aragão


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5 de abril de 2010

QUEM ESPERA SEMPRE ALCANÇA!

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Como é rica a Natureza
Precisa só olhar pro lado
E ver quanta coisa bela
Que nos foi presenteado
Por Deus-Pai, Nosso Senhor
Com ternura e muito amor
Obrigado, Pai amado!

Olhando pro céu eu vejo
Nuvens de chuva a cair
E a molhar o chão tão seco
E esturricado daqui
Deste tão vasto sertão
Do Ceará, do Maranhão
Da Paraíba e Piauí

Chove chuva, mas vem logo
Molha depressa este chão
Com tuas gotas milagrosas
Abrandando a sequidão
Só Deus de grande candura
Pra nos dar toda a fartura
Com a chuva no sertão

O sertanejo, tão bravo
Trabalhador destemido
Que no seco limpa o chão
Sendo sempre prevenido
Esperando trovejar
E tão logo choviscar
Pro chão ficar embebido

Só depois vai lá plantar
Com toda fé e esperança
E dos grãos vai esperar
Muita fartura e bonança
Acabou-se o seu tormento
Tá garantido o sustento
Quem espera sempre alcança!



Ricardo Aragão
Ipu(CE), Abril/10




Fotos / Montagem
(Faz. Boris e Sítio Lagoa):
Ricardo Aragão


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4 de abril de 2010

A FAMA DO MEU IPU

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No sopé da Ibiapaba,

Serra Grande do sertão

Fica uma bela cidade

Não duvide disso não

Terra boa e de fartura

De beleza e formosura

É o Ipu, o meu torrão



Ipu é terra de sorte

"Um pedacinho do céu"

Onde corre o Ipuçaba

Formando bonito véu

Água doce e serena

Que banhou a Iracema

“Virgem dos lábios de mel”



Assim Ipu fez história

Contada por todo canto

No romance de Alencar

Obra de grande encanto

Quem diria que um lugar

No sertão do Ceará

Fosse famoso des’tanto?!




Ricardo Aragão
Ipu(CE), Abril/09


Fotografia
(Quadro da Igrejinha):
Enio Aragão


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29 de março de 2010

NOSSO IPU É UMA TERRA DE RESPEITO

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MERECE TODA NOSSA GRATIDÃO!








Eu fico triste em ver a minha terra,
Vítima nas mãos dessa gente má.
Para quem é filho desse bom lugar,
Encravado no pé da grande serra,
Todas as lembranças ele enterra
Ao constatar com dor no coração,
Que botaram abaixo um casarão.
Como pode maldade desse jeito?!
Nosso Ipu é uma terra de respeito.
Merece toda nossa gratidão!


Essa tristeza é ainda bem maior
Olhando para nossa bela Bica,
Que todo mês de setembro ela fica,
Fica tão seca ou por certo bem pior.
Sem o seu véu na pedra nua dá é dó!
Retorna aquela dor no coração.
Haverá nesse mundo um só cristão,
Que queira ver a Bica desse jeito?!
Nosso Ipu é uma terra de respeito.
Merece toda nossa gratidão!


Quando descemos um pouco a ladeira,
Vemos, cá mais pra baixo, o Ipuçaba.
Que tal qual nossa Bica, já se acaba,
Pois a coisa não tá pra brincadeira.
Talvez estejamos na derradeira
Linhagem, família ou geração,
Que terá esse riacho em seu torrão.
Nosso lugar jamais será perfeito!
Nosso Ipu é uma terra de respeito.
Merece toda nossa gratidão!


Como se não bastasse tal cenário,
Com essas perdas tão preocupantes,
Os valores que já tivemos antes
Ficam mais lá no fundo do armário.
O jovem não tem mais itinerário.
Cada dia tá ficando mais bobão.
Passa o tempo ouvindo um “paredão”!
Como pode dar certo desse jeito?!
Nosso Ipu é uma terra de respeito.
Merece toda nossa gratidão!


Outro dia, ao passar por uma calçada,
Das rodas de conversas recordei.
Eram assuntos que nem mais eu sei.
Mas me lembro de tantas gargalhadas
E daquelas conversas engraçadas,
Contadas no sopé daquele oitão.
Volta de novo a dor no coração,
Da saudade que me bate no peito.
Nosso Ipu é uma terra de respeito.
Merece toda nossa gratidão!


Entristeço em ver minha cidade,
Com jovens sem história pra contar.
Nem da Iracema poderão falar!
E que mesmo cursando faculdade,
Cometem na vida grande maldade.
Pois esquecem, cada um, ser guardião
Das coisas boas deste nosso torrão.
Mas será mesmo se isso está direito?!
Nosso Ipu é uma terra de respeito.
Merece toda nossa gratidão!



Ricardo Aragão
Ipu, março/2010




Foto e Edição:
Ricardo Aragão


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13 de janeiro de 2010

MEU DOCE TEMPO DE CRIANÇA

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Por Ricardo Aragão






No meu tempo de criança,
Era grande a animação.
Um magote de minino,
Do pequeno ao grandão,
Não faltava brincadeira,
Conversando só besteira,
Aprontando malinação.

Das brincadeiras da época,
De todas me lembro bem.
Trinta e um ou esconder,
Da fedora lembro também.
Brincar de caiu-no-poço
Causava grande alvoroço
Quando beijava-se alguém!

No nosso Sítio Lagoa,
Tinha muita aventura!
Tirava-se mel de abelha
Sem nenhuma armadura!
Ferroadas eram tantas,
Eu levei não sei nem quantas,
Mas valia pela fartura.

Ao chegarmos da escola,
Antes mesmo de almoçar,
O destino era o riacho
Pra brincar e se banhar.
E a danação não parava,
De tudo ali se brincava
Até a mamãe nos chamar.

“Passa pra casa menino,
Que o almoço tá servido.
Passa logo, tô chamando!
Deixa de ser maluvido!
Te alui e vem almoçar,
Pois depois vai estudar!”
Tava dado aquele aviso

Depois de tanta aventura,
Com a fome a maltratar,
Aquela comida quentinha
Mais parecia um manjar!
Arroz com carne e feijão
Ou então um bom baião,
Água na boca ainda dá.

Um tempo maravilhoso,
Na minha infância passei!
E vida melhor no mundo,
Como adulto eu não terei.
Mas carrego na lembrança
O meu tempo de criança,
Que jamais esquecerei!

Esse tempo já passou.
Pois o tempo só avança!
Daqueles dias tão bons,
Período de esperança,
Só me resta a saudade
De tão doce mocidade...
De uma vida tão mansa!



Ricardo Aragão
Ipu, Jan/2010


* Foto (Riacho Ipuçaba
Sítio Lagoa - Ipu/CE)
Ricardo Aragão


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