Este espaço foi pensado para divulgar e discutir a Cidade de Ipu/CE de uma forma bem espontânea, através de crônicas, causos, versos, além de opiniões e comentários diversos, tanto do autor, quanto dos nossos visitantes. O blog IPU EM CRÔNICAS E VERSOS, embora com muita humildade, busca também promover as peculiaridades do Nordeste através do cordel, uma das expressões mais originais de nossa cultura. Sejam todos bem-vindos! (Ricardo Aragão)



1 de maio de 2009

BORIS

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UMA HISTÓRIA, UMA SAUDADE!







Contarei uma história
De alguém muito querido.
Homem simples e bondoso
Que não será esquecido.
Vou falar do cidadão
Antônio Tarcizio Aragão.
Foi Boris, seu apelido.

O Boris é de uma família
Muito simples, é verdade.
Gente de bom coração,
Caráter e honestidade.
Foi filho do Bitião
E da Nana Aragão,
Duas pessoas de bondade.

E nesse lar tão simplório,
Porém de muito amor,
Foi que Bitião e Nana
Ensinaram o valor
Das coisas que a vida tem,
Procurando fazer o bem
Sem vacilo e sem temor.

E assim seguiram a vida,
Sem tanta facilidade,
Mas criaram os seus filhos
Com grande dignidade,
Respeito e muito amor,
Carinho, zelo e louvor,
Desde tenra mocidade.

Foi nessa boa família
Que Tarcízio Aragão
Teve as primeiras aulas
De toda sua formação.
Sendo sempre caridoso,
Honesto e muito bondoso.
Um honrado cidadão.

Muita coragem e garra,
Ele sempre demonstrou.
Pois em sua mocidade,
O Boris se apaixonou
Pela filha do “Bodão”,
O Antônio Martinzão,
A quem sempre respeitou.

Até aí tudo bem,
É normal se apaixonar.
Mas precisava o Boris,
Pegar a moça e roubar?!
Logo a filha do “Bodão”!
Aquele homenzarrão!
Sem nem sequer namorar?!

Pois veja só, caro amigo,
Do que o amor é capaz:
Precisa ter muito peito,
Ser esperto e sagaz,
Pra fazer como o Boris,
Desejando ser feliz,
Casar e viver em paz.

Fugindo com a Celininha,
Nas barbas do Martinzão,
Deixando guardada a moça
Na casa de um amigão,
Para o baile ele voltou,
Onde o “Bodão” lhe pegou,
Querendo uma explicação.

- Cadê minha filha, seu cabra!
Antônio Martins perguntou
Com tremendo vozeirão,
Que a todos espantou.
Mas o Boris, sem piscar,
Passou logo a afirmar:
- O meu amigo guardou!

E foi assim, minha gente,
Como tudo começou.
Do enlace do casal,
Linda família brotou:
Seis filhos muito unidos
E pelos pais, tão queridos,
Que Jesus abençoou.

Veja bem, caro leitor!
Preste muita atenção!
Depois de falar um pouco
Do filho do Bitião,
E de como foi sua lida
Ao longo de sua vida,
Você vai me dar razão.

Falar dele é muito fácil!
Um grande amigo bradou.
Pois sendo bondoso e justo,
E que a todos ajudou,
Como é que desse tal,
Alguém pode falar mal?
Pelo menos, eu não vou!

Um homem certo e ordeiro.
Muito amigo e de paz.
São algumas qualidades
Que este poeta traz,
Pra traduzir o Boris,
Mas como o ditado diz:
Será que serei capaz?

Afinal eu sou suspeito
Pra falar de um cidadão,
Que com sua simplicidade,
Fez de cada, um irmão.
Pois era meu genitor,
Um pai cheio de amor
E de enorme coração!

Um pai que sempre manteve
Em cada ato, coerência.
Sem largar mão da ternura,
Exigiu sempre decência
Dos seis filhos amados,
Todos seis bem educados,
A quem lhes passou vivência.

Uma vivência profunda,
Em todo momento seu,
O Boris passou aos filhos
E cada um compreendeu,
O verdadeiro valor
E o sentido do amor,
Que um a um ele deu.

Na universidade da vida
Ele foi um professor.
Ensinando à sua família,
Com afinco e com fervor,
A caminhar sempre em frente,
Mostrando como ser gente
Neste mundo de horror.

Ao perceber algum erro,
Ele dava uma lição:
Vê se aprende a viver
Ouvindo o teu coração!
Meu legado vai contigo.
Deus te livre do perigo
Nos caminhos deste chão!

No campo profissional,
Inteligência mostrou.
A alguns colegas seus,
O trabalho ele ensinou.
E mesmo com competência,
Recusou até gerência:
- Sair do Ipu eu não vou!

Pra você ter uma idéia
Da tamanha devoção,
Que teve o nosso Boris
Por seu querido torrão,
Para não ser removido,
Deixou de ser promovido,
Ficando aqui neste chão.

O Boris era assim.
Amava com intensidade!
Apegava-se às coisas,
Às pessoas e à cidade.
E a todos o bem fazia,
Com carinho e alegria,
Dedicação e amizade!

Mais que um pai, um amigo!
Mais que amigo, um irmão!
Não existe em mil palavras
O que lhe dê tradução!
Uma luz de grande brilho,
No alto do céu foi seu trilho,
Lhe mostrando a direção.

Sua missão foi cumprida!
E por nós será lembrada.
Fique certo, pai querido,
Que sua família amada,
Seu exemplo levará
Em qualquer lugar que vá
Nessa grande caminhada!

Da dor, cuida o tempo.
Da saudade, o coração.
Os entes que aqui deixou
Jamais o esquecerão!
Pois olhando para cima,
Verão sempre a luz divina
Que o levou deste chão.

Essa luz de tanto brilho,
Que a todos surpreendeu,
Na forma de um arco-íris,
Que no céu apareceu,
Pareceu divina luz.
O chamado de Jesus!
Que você obedeceu.

Segue a luz, pai querido!
Vai pra perto do senhor.
E saiba que aqui cumpriu
Sua missão com louvor.
Nos trazendo alegria,
Ensinando a cada dia,
Como viver com amor!

Nossa mãe, querido pai,
Sua esposa amada,
Agora tem grande meta:
Nos guiar nessa jornada!
E assim caminharemos,
E juntos nós chegaremos
No final dessa estrada!

Nessa estrada que você
Ao nosso lado andava;
Que em cada obstáculo,
A nossa mão segurava.
Nos fazendo superar,
Sem medo algum de errar,
O que nos desafiava!

E por tudo isso, pai,
Mesmo com tanta dor,
Nos despedimos de ti
Com carinho e com amor.
E em breve, com certeza,
Nos sentaremos na mesa,
Lado a lado do senhor!





Até breve, querido e amado pai!



Boris: 07.11.1940 / 23.04.2009


Que seu exemplo e sua luz nos oriente em cada passo que dermos! E que nossa jornada seja profícua como foi a sua! Certamente será bem mais fácil para nós, seus filhos, pois tivemos o privilégio de tê-lo como guia.

Uma singela homenagem de um filho a um pai - Antônio Tarcízio Aragão (Boris) - cujo amor, amizade e respeito, foram sentimentos mútuos, vividos intensamente.



Antônio Tarcízio Aragão (Boris), nasceu em Ipu, no dia 07.11.1940 e faleceu em 23.04.2009, vitimado pelo cãncer. Casou-se com Maria Francelina Martins Aragão (Celininha), com quem teve seis filhos (e seis netos): Ricardo (Tarciana), André (Mariana e Yasmin), Ana Silvia (Beatriz e Tarcízio Neto), Enio, Joel (Amanda) e Maria Celina.






Curiosidade: esta foto foi registrada no céu do Ipu no dia 24 de abril de 2009, por volta de 11:30 horas, no momento em que o corpo do Boris estava sendo sepultado. O tempo estava chuvoso, o que explicaria o arco-íris em torno do sol (embora um tanto incomum). Mas, para nós, esse fenômeno transcendeu as barreiras do natural, pois o brilho que o nosso amado Boris teve ao longo dos seus 68 anos de vida neste mundo foi tanto que, certamente, levou um bocado consigo, refletindo no céu, sua chegada ao lado de Deus!




Sua bênção, pai!


Ricardo Martins Aragão
Abril, 2009.

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14 de janeiro de 2009

ENIO, BONDOSO IRMÃO

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Estou aqui em Sobral,
Num pequeno apartamento,
Pequeno no seu tamanho
Enorme no acolhimento
É o lar do meu irmão
O querido Enio Aragão
Que a todos trás alento.

Adentrando neste lar
Encontra-se grande paz
Também se tem alegria
Harmonia e muito mais
É a casa do Gordinho
Meu querido irmãozinho
Um bom e nobre rapaz

Quando se chega aqui
Na casa do meu irmão
De tudo se tem um pouco
Risada, consolo e pão
É de fato um bom lugar
Sempre que venho pra cá
Alegra-me o coração.

O Enio é uma pessoa
Das que temos mais querida
Não sabe como fazer
Pra nos dar boa guarida
Com todos é preocupado
Tendo sempre o cuidado
De nos orientar na vida

Quando se deseja rir
No Gordinho é o lugar
Mas se for pra falar sério
Não precisa se enganar
Chegue e puxe o assunto
Que pessoa melhor no mundo
Tenho certeza, não há

Por isso fiz estes versos
Escritos com o coração
Dedicados ao Gordinho
Este meu querido irmão
Que trata a todos com zelo
Respeito, graça, esmero
Carinho e dedicação

Um forte abraço eu deixo
E um beijo no coração
A este ser iluminado
Enio, bondoso irmão
Deus sempre te guiará
E aonde quer que vá
Ele o levará na mão.



Ricardo Aragão
12.01.2009

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