Este espaço foi pensado para divulgar e discutir a Cidade de Ipu/CE de uma forma bem espontânea, através de crônicas, causos, versos, além de opiniões e comentários diversos, tanto do autor, quanto dos nossos visitantes. O blog IPU EM CRÔNICAS E VERSOS, embora com muita humildade, busca também promover as peculiaridades do Nordeste através do cordel, uma das expressões mais originais de nossa cultura. Sejam todos bem-vindos! (Ricardo Aragão)
12/08/2008
A LIÇÃO DO SERTANEJO
ENTREVISTANDO O SEU TENÓRIO
A você que nesta hora
Estes versos passa a ler
Sem ter muito interesse
Espere para entender
Pois eu vou lhe avisando
Vá logo se preparando
Pra uma lição receber
Estas mal postadas rimas
Podem até não ter valor
Para aquele que se acha
Um empresário ou doutor
Porém pro cabra da peste
Que de gibão só se veste
Elas têm muito valor
Pois o povo do sertão
Que passa dificuldade
Que na roça lavra o chão
Sem qualquer facilidade
E sem ter divertimento
Vive nesse tormento
Sem lamento e sem maldade
Para esse povo é que faço
Este poema simplório
Por isso mantendo a rima
Mudarei o repertório
Passarei a relatar
A história d’um lugar
E do sertanejo Tenório
Seu Tenório dê licença
Vim aqui lhe perturbar
Vou fazer umas perguntas
Quero ouvir você falar
Me conte dessa sua lida
E da sua forma de vida
Para eu documentar
Seu dotô preguntadô
No que eu posso ajudá
Eu tenho pôco istudo
Vós mincê há de notá
Mode o jeito que eu falo
Mas se for nesse imbalo
Passe logo a preguntá
Eu me chamo Aragão
Sou escritor de cordel
E preciso entender
Pra colocar no papel
Essa vida do sertão
E também do coração
Do sertanejo fiel
Muito prazê iscritô
Dos verso mais naturá
Vou lhe falar sim sinhô
Faça o favô de sentá
Que a cunversa é cumprida
Vou já lhe falar da vida
No sertão do Ciará
Nossa labuta é penosa
Se acorda de madrugada
Pra prepará um café
Prus minino e pra amada
Fazê o quebra-jejum
Imprial não tem nenhum
Pra güentá a inxada
Quando o sol vem apontando
E raiando no nascente
Eu pego o meu alforje
E saio bem de repente
Pra capinar o roçado
E mesmo muito cansado
Passo o dia bem contente
Eu sinto filicidade
E não perco a isperança
De cuiê grande fartura
Mas sem ter munta ganança
Apois não faltando o feijão
Pra nóis de cá do sertão
Já é grande abundança
Mas a lida é bem dura
Neste meu grande sertão
Que sofre com seca braba
Esturricando esse chão
As água seca dos pôço
Eu vou lhe dizer, seu moço,
Não queira esta vida não!
Aqui se pranta de tudo
Arroz, mio e fejão
Se pranta a macaxeira
E tombém o algodão
Mas no tempo de escassez
O cabra pensa de vez
Ir simbora do sertão
Porém esse pensamento
Foge logo da lembrança
Quando no fim do ano
Se apuluma a isperança
Com as tôrre no nascente
E os ráio reluzente
Com o inverno que avança
O sertanejo se anima
E cumeça a pranejá
A prepará um terreno
Pra cumeçá a brocá
Vai procurá o patrão
Com o machado na mão
Prumode ele autorizá
Prante naquele pedaço
Na solta do alazão
A terra é boa e macia
Assim disse o patrão
Mas limpe o mato com jeito
Prumode ficar sem defeito
Aquele pedaço de chão
Dessa forma o cabôco
Vai bastante alvoroçado
Amolar a sua foice
E também o seu machado
E pra solta vai tocar
Levando seu patuá
Com zelo e muito cuidado
Leva também o seu fio
Que já se tornou rapaz
Aprendendo a trabaiá
Vendo o que seu pai faz
Na lida de todo dia
Era a lição que valia
Pra mostrá que é capaz
Assim começa a peleja
Como tudo aqui no norte
Porém oiando o nascente
E vendo o chegá da sorte
Com a barra preparando
E o inverno avizinhando
Se isquece inté da morte!
A broca cumeça cedo
Pau fino, garrancho e tora
A inxada e o machado
Num para nenhuma hora
E assim vamu levando
Um eito deste tamanho
E adispois vamu simbora
O sol já esconde a cara
É chegado o intardicê
Os cabra recói os ferro
Já querendo ismurecê
Apois a lida foi dura
Só farinha e rapadura
Foi o nosso dicumê!
E assim seguimo a vida
Trabaiano o dia intêro
Oiando para o nascente
E pidindo pra São Pedro
Nos trazê muita bonança
Nunca morre a isperança
Desse povo brasilêro
Seu Tenório, então me diga,
Me fale com experiência.
E quando chega o inverno,
Como fica essa vivência?
Pois a lida continua.
É fato, não atenua.
Narre sua existência.
Fica tudo uma maravia
Quando chove no sertão!
Das simente qui prantamo
Na solta do alazão
A perda foi bem pequena
Até vou tirar uma renda
E mandá para o patrão
Agora temo fartura
Arroz, mio e fejão
Dá inté pra ingordá
Umas quatro criação
Na panela tem comida
As coisa boa da vida
O cabra tira é do chão
E a sobra vou vendê
E com o dinhêro comprá
Um retaio pra muié
Se vistir e se arrumá
O terrêro vou varrê
E o forró vai é cumê
Inté o dia raiá!
E agora seu dotô
Penso que já respondi
As pregunta que me fez
Do que sei, do que vivi
Da vida dura do norte
Deste cabôco forte
E das coisa que senti
Me adisculpe o mal jeito
E também a ignorança
Deste cabra do sertão
Que puxou pela lembrança
As palavra mais certêra
Da primêra à derradêra
Pra responder com elegança
Mas que nada, Seu Tenório,
Por ser cabra do sertão,
Não torna sem importância
As respostas dadas não.
Pois mesmo sem expressar
Um correto linguajar,
O senhor me deu lição!
Me mostrou que nesta vida,
Seja pobre ou doutor,
A correta atitude,
A que tem grande valor,
É o que se trás no peito,
Tendo sempre o respeito
Pelo que se tem amor.
O senhor também me fez
No ser humano apostar.
Com sabença ou sem estudo,
Isso não vai importar.
Pois pra ser conhecedor,
Sendo pobre ou doutor,
Não precisa estudar.
Basta só olhar o mundo
Com bastante atenção.
E observando tudo
Se tira grande lição.
Sem deixar a humildade,
Nem cometer a maldade
De achar que é sabidão.
Nada sei é o que eu sei,
Assim disse o pensador.
Aquele que é sabido
E se acha um doutor,
Devia ir pro sertão,
Trabalhar naquele chão
Pra saber do seu valor!
Sou Ricardo Aragão.
Já me dou por satisfeito.
E encerro este cordel,
Que mesmo sem ser perfeito,
Expressei com o coração,
Ao falar do meu sertão
Com carinho e com respeito!
Ricardo Aragão
Ipu, 08.12.2008
Edição de imagem: Ricardo Aragão
Fonte da imagem original: http://forademoda.wordpress.com/2007/07/10/a-moda-somos-nozes/
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10/15/2008
"O BANCO"
O ASSENTO DA DISCÓRDIA!
Mas que banco é esse?!
Um banco comum de praça, situado na alameda central da Avenida Vereador Francisco das Chagas Farias, mais conhecida como “Avenida da Municipalidade” ou “Rua do Papoco”, quase na confluência com a Rua Antônio Martins, em Ipu.
A história desse banco é jocosa!
Havia algum tempo, alguns senhores, residentes próximos, adotaram o controvertido assento como o local de encontros noturnos para fins de falatório, mais precisamente politicagens. Eis que “O Banco” passou a ser cada vez mais freqüentado não apenas por aqueles senhores de mais idade, mas também por pessoas mais jovens, tanto residentes próximos como das circunvizinhanças da referida avenida e, por fim, de toda a cidade. O Banco tornara-se eclético!
Com a proximidade das eleições municipais, a roda de pessoas em torno d’O Banco aumentava a cada dia! Tanto quanto sua popularidade. Sobretudo por uma peculiaridade: a predominância, para não dizer exclusividade, de pessoas ligadas a uma determinada facção política de Ipu.
“O Banco” passou a ser o local preferido de encontros dos partidários daquele grupo e todo fato que dizia respeito à política local era tratado primeiramente n’O Banco’, depois se espalhava pelo resto da cidade. Histórias de pré-candidatos, jogadas políticas, viradas, traições partidárias, etc, tudo era assunto de primeira importância n’O Banco’. Há quem diga, inclusive, que dali saíram decisões e conchavos importantíssimos, depois deliberados mais minuciosamente em locais mais apropriados como salas de reuniões, residências de políticos, etc.
Pois não é que aquele quieto banco (juro, ele não arredou os pés dali!) se tornou peça central das acirradas disputas político-partidárias de Ipu em 2008!
Senão vejamos...
Passadas as eleições... Candidato eleito... Vereadores definidos... Tudo parecia que voltaria ao normal e, finalmente a paz reinaria novamente nas ruas de Ipu. Não fosse por um pequeno problema: a ala política que venceu as eleições majoritárias na cidade, alcunhados de “Jacarés”, não É a mesma que freqüentava “O Banco” tradicionalmente, os “Pica-paus”. Resultado: conflito!
Alguns correligionários do candidato vencedor resolveram reivindicar o direito de também usarem o famoso banco, afinal ele é público. Mas jacaré e pica-pau nunca se uniram. Quer ver? Assista ao desenho animado!
Evidentemente que “O Banco” ficou no meio das duas tropas. Literalmente!
Logo na noite seguinte à eleição, os “Pica-paus”, inclusive os adeptos d’O Banco’, ressabiados com o resultado negativo das urnas, não arredaram o pé de casa, deixando o pobre banco desguarnecido. Pronto! Foi o suficiente para a histórica “Posse do Banco” organizada pelos “Jacarés”.
Com palavras de ordem do tipo “Hô, hô, hô... esse Banco é um terror!”; “O Banco é nosso, Jacarezada!”; “Xô Passarinho!”; “Sai do Banco, Velhinho!”; entre outras, foi promovida a “Imissão de Posse” d’O Banco’.
A “Queda da Bastilha”, ou melhor, a conquista d’O Banco’, foi marcada com churrasco, bebidas, músicas da campanha vitoriosa, palavras de ordem e fogos. Uma comemoração digna dos grandes feitos! Foi festa até a madrugada de terça-feira, em plena avenida que, naquele dia, mais do que nunca, mereceu o nome de “Rua do Papoco”!
Mas, os originais “donos do banco”, não ficaram nada satisfeitos com a perda de seu ícone. E, num ato de grande ousadia, sobretudo considerando sua condição de vencidos, resolveram reclamar a “Reintegração de Posse” d’O Banco’ e partiram pro “ataque”.
“O Banco” era uma questão de honra pra “Pica-paus” e “Jacarés”!
Na noite seguinte, os “Pica-paus” recuperaram o dito cujo, aproveitando-se da displicência dos “Jacarés”, enfadados da festança.
Daquele dia pra cá, já se passaram vários dias e “O Banco” continua sendo o principal objeto de desejo das “aves” e “répteis”... em regime de “revezamento”!
Um dia “O Banco” é de um grupo. Noutro, de outro! Porém, não sem luta e muita confusão!
O lado triste dessa história hilária é a famigerada violência, pois as agressões físicas tomaram conta do espaço e, tanto de um lado como de outro, há exageros e abusos.
Como resultado, “O Banco” ganhou um novo dono: a Polícia!
Toda noite, duas viaturas da PM, repletas de policiais fortemente armados, se dirigem ao “Assento da Discórdia”, não apenas para salvaguardar o patrimônio público, mas, sobretudo, para acalmar os ânimos dos “Jacarés” e “Pica-paus” que não abrem mãos de lutarem em defesa daquele que, sem dúvida, está sendo mais disputado que a própria prefeitura: advinha quem é?
Ora bolas... “O Banco”!!!
Ricardo Aragão
Ipu/CE, 15.10.08
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9/24/2008
UNIÃO DE VERSOS
Você eleitor que repete,
Que todo político é ladrão.
Mas vende ou troca o voto,
A cada nova eleição.
Você é igualzinho a eles,
Não vale nem um tostão.
Apreciei por demais
Estes versos da Dalinha,
Que para mim é capaz
De escrever mais de cem linhas
Falando do velho ou rapaz,
Que vendendo o voto se alinha
A quem a proposta lhe faz.
Filho nobre do Ipu,
Que tem o verso perfeito
Cem linhas ainda é pouco,
Mas nós temos o direito
De alertar a consciência
E apostar na decência
No que vota e no eleito.
Não custa nada lembrar,
Que atitude tão feia,
De vender ou de comprar
A consciência alheia,
Fere as leis do lugar
E leva para a cadeia
Quem assim se comportar.
Não é besteira é um fato,
Mas preste bem atenção
Tanto o eleitor safado,
Como o político ladrão
Mesmo sabendo que é feio
Quer pôr a mão no alheio
Ser gigolô da nação.
Não sei quem é mais safado
Nessa tal corrupção,
Se o eleitor iludido
Ou o político ladrão,
Que vende e compra voto
Nos tempos de eleição.
Sei que não se discute,
Política, futebol e religião.
Mas vale a pena lembrar
E mostrar a população,
Que sua arma é o voto.
Seja vivo e não devoto,
Não aceite enganação.
Mas será que o eleitor
É mesmo tão iludido?
Se vende a consciência
Ao candidato bandido;
Que paga pelo seu voto
Achando que é bonito?
Votar com consciência
É pensar em sua cidade.
Aposte então na decência
E também na qualidade
Assim ficará satisfeito
Ao eleger um prefeito
Que tenha capacidade.
Só trás atraso ao povo
E ao seu querido torrão,
Quem faz o que é errado
Em tempos de eleição:
Vender seu voto sagrado
Por merreca ou por milhão
Nem todo político é safado.
Nem todo eleitor é vendido.
Por isto faz bem estudar,
A história do escolhido.
Se for honesto, trabalhador,
Um bom cidadão de valor,
Merece ser bem sucedido.
Esse sim merece ter
Qualquer sorte infeliz,
Já que não tem o direito
De lutar pelo que quis,
Pois vendeu o bem maior
Seu direito a ser feliz.
Direito qualquer um tem,
Só não luta quem não quer.
Repito isso pra homem,
E também para mulher.
Veja bem se o candidato
É homem de cumprir trato,
E encarar o que der e vier.
A felicidade suprema
Só chega a quem acredita.
Mas um conselho eu dou:
Dê sempre boa guarida
E guarde na consciência
Os votos que deu na vida.
Os votos que na vida dei,
Foram de bom coração.
Se um dia elegi rola-bosta
Não foi esta minha intenção.
Besteira só uma vez se faz
Pois para lábia de incapaz,
Eu mesma não caio não.
Desta vida só se leva
A verdade verdadeira.
Vender ou comprar o voto
Achando que é besteira,
Em vez de subir na vida
Se desce grande ladeira.
Vender e comprar voto,
É atitude de um incapaz.
Não é bem dessa maneira
Que a boa política se faz.
Seja um honesto cidadão
Que zela bem o seu chão,
Esqueça a ambição voraz.
Ah! Que sorte tem um povo
Que escolheu um cidadão.
Que por não comprar voto
Nos tempos de eleição.
Vira um político correto,
Que merece aclamação.
Se o povo tem muita sorte
Muito mais tem o cidadão.
Que Por ser bem criado,
Pode mostrar a população.
Que com sua honestidade,
Pode dirigir uma cidade,
Um estado e até a nação.
Quem procede desta forma,
Com decência e com cuidado,
Não corrompendo ninguém,
Não deixa o povo enganado,
Merece ser bem querido,
Sendo pra sempre lembrado.
O passado de um político,
A vida que ele antes levou,
É o melhor cabo eleitoral
Para esclarecer um eleitor.
Por isso quem for decente,
Honesto e bem competente,
Posso dizer: Já ganhou!
E o povo que tiver
Um político desse porte,
Deve sempre agradecer
E se achar um povo forte,
Por ser bem representado
E ter quem lhe dê suporte.
Se você quer bom político,
Também seja bom eleitor.
Vote, mas com consciência.
Não se esqueça do seu valor.
Não se troque por telha e tijolo.
Não seja apenas um rebolo.
Esmola enfraquece o pudor.
Já aquele que não cuida
Em praticar coerência,
Deve ficar no relento
E não ter benevolência
Daquele que foi eleito
Sem usar de boa decência.
Só serei benevolente
Em matéria de eleição.
Com o cidadão honesto,
Que não suporte armação.
Que faça o sinal da cruz,
E faça oração pra Jesus
Pra se livrar de ladrão.
Já não tem mais o direito
De reclamar um pedido,
Para quem o voto vendeu
Tal direito é perdido,
Devendo se contentar
Em ser eleitor vendido.
O eleitor que se vende
É só um pobre coitado.
Que na escola da vida,
Estudou sem resultado.
Aprendeu a ser pidão,
Apóia político ladrão,
E é o puxa-saco falado.
Por tudo isso eu suplico
Ao eleitor da nação,
Que na hora de votar,
Nos tempos da eleição,
Escolha bem direitinho,
Prestando muita atenção.
Escolha eleitor amigo
Não tenha medo de errar.
Escolha usando a razão,
Não sem antes analisar,
A verdadeira condição
Desse candidato à eleição,
Que seu voto vai levar.
Pois o voto é um momento
Dos que temos mais sagrado.
Só demora um tiquinho,
Porém se votar errado
Vais esperar muito tempo
Para ser recuperado.
Esse sagrado momento,
Jamais deve ser perdido.
Seu voto é uma relíquia.
Por isso faço um pedido:
Preste bastante atenção,
Ao chegar a eleição,
Não dê seu voto a bandido.
Tanto tempo não se tem,
Pois o tempo não retorna.
O que se perde é perdido,
Já ficou fora de hora.
Como aquele voto vendido
Naquela maldita hora.
De quatro em quatro ano,
Acontece a renovação.
Não vá apertar uma tecla,
Clicando em um ladrão.
Pois fará a infelicidade,
Do povo de uma cidade
Que irá penar sem opção.
Por isso caro eleitor,
Pare, pense e repense
Muito antes de votar.
Pois no final só quem vence
É quem escolher direito
A quem o voto pertence.
Se você escolher certo,
Respeitável cidadão.
Vai trazer muita alegria
Ao seu querido torrão.
Vai viver sem embaraço,
Também não será palhaço
Servindo de mangação.
Sendo assim ganha o povo,
Uma grandiosa sorte.
De ser bem representado
Por um político forte,
Eleito pelo seu voto
Sem ter lhe dado calote.
Me Chamo Dalinha Catunda,
Também me assino Aragão.
Sou natural de Ipueiras,
E é com grande satisfação,
Que apareço com Ricardo
Escrevendo esse bocado
De versos sobre eleição.
Eu sou filho do Ipu.
Sou Ricardo Aragão.
Conhecer Dalinha Catunda
Me trouxe grande emoção!
Poetiza e Escritora,
No cordel é uma doutora,
Nunca escreve verso em vão!
Ricardo muito obrigada,
Pelo carinho e atenção.
Estamos nós dois unidos
Pois somos os dois Aragão.
A você um grande abraço.
No cordel atamos laços
Que jamais se soltarão.
Minha querida Dalinha,
A quem deixo meu apreço,
Até parece que em dias
Da vida toda a conheço.
Fique certa, minha amiga,
Que as coisas boas da vida,
Todas elas te ofereço!
Arte na capa: Chico Parnaibano
Autores:
Dalinha Catunda
dalinhaac@gmail.com
Ricardo Aragão
ricardo.boris@gmail.com
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9/08/2008
O FIM DAS TRADIÇÕES
Por Antônio Tarcízio Aragão (Boris)
”Terra cheia de encantamento
E de eterna bondade,
Sempre no meu pensamento,
No meu sonho de ansiedade.
Quero cantar tua beleza
E o teu doce passado,
Terra do meu coração
E do meu amor
És toda minha adoração”...
Desfile de 26 de agosto (anos 50)
Os encantamentos estão sumindo, a bondade em vão resistindo. Somente o pensamento consegue resgatar em nossos sonhos de ansiedade, tua beleza, tua cultura e a história do teu doce passado. Terra do meu coração e do meu amor, eras toda minha adoração e hoje, infelizmente, é a minha indignação. Esta é a triste reflexão que hoje consigo fazer sobre essa linda estrofe do hino do Ipu, de autoria do ilustre ipuense Zezé do Vale.
Inauguração do Jardim 26 de Agosto (1940)
Nosso querido Ipu, hoje tomado por forasteiros descompromissados, apropriados do poder com a anuência da maioria dos teus filhos, entre os quais, felizmente não me incluo, iludidos e ludibriados pelas fictícias promessas não cumpridas de melhores dias e de progresso. Teus filhos ilustres hoje são menosprezados, teus pobres humilhados, tua história maculada com páginas negras que bem podiam ser eliminadas. Mas, não. As tuas tradições, essas sim, são brutalmente ignoradas e relegadas ao simples desprezo de quem não tem o mínimo compromisso, senão, de apenas satisfazer seus instintos perniciosos de egoísmo e vaidade. Assim como tantas tradições, que são indiferentemente quebradas, também alguns versos do nosso glorioso hino, em breve, deverão ser mudados por conflitarem com a tua triste realidade. O teu passado não será mais doce, pois terás absorvido bocados amargos e a tua beleza, maculada pelos maus tratos de quem não soube te amar de verdade, já não serás mais a mesma, pois as marcas e cicatrizes ficarão enxovalhando a tua face pálida e tristonha.
Monumento pelo centenário de Ipu (1940)
Duas das maiores tradições de nossa cidade, além da festa do padroeiro, eram as comemorações cívicas do 26 de agosto – dia do município - e sete de setembro. Salva de vinte e um tiros às cinco horas da manhã, anunciava o amanhecer de um dia festivo e nos despertava contaminados com um forte sentimento de patriotismo; desfiles de soldados do “Tiro de Guerra” e alunos das escolas locais adornavam as ruas repletas de gente que vibrava ao som dos velhos dobrados militares; concentração cívica formada em frente ao Paço Municipal, onde se posicionavam as maiores autoridades civis, militares e eclesiásticas da cidade, a banda de música, com o seu uniforme de gala, animava a cerimônia e entoava o Hino Nacional para o hasteamento das bandeiras. A cerimônia prosseguia com discursos das autoridades alusivos à data. À noite, o encerramento das comemorações era marcado, sempre, com uma seção solene onde se apresentavam artistas da terra, pequenas exibições teatrais, tudo em homenagem àquela data festiva. Hoje, as coisas mudaram e mudaram para pior. O dia do município já não é mais comemorado no dia 26, depende das conveniências de quem governa a cidade e o espírito de civismo não se faz mais presente, nem mesmo no 7 de setembro. Isso é lamentável, mas, infelizmente ocorre! A prioridade hoje é a animação com caríssimas bandas de forró para atrair multidões e desviar o foco dos festejos, dando uma falsa impressão de comemoração de tão importante data.
Desfile de 7 de setembro (anos 50)
Às vezes, no calor de paixões partidárias, nos envolvemos com determinados tipos de pessoas, que apenas por acaso, nasceram em nosso território, mas, nunca se deram conta de que o local onde nascemos é o nosso verdadeiro berço, é nossa terra mãe e como tal deve ser cultuada e amada como nossa mãe biológica, que nas suas entranhas nos gerou e com o seu leite materno nos criou. É assim que geralmente vemos os que nascem em nossa terra, como irmãos, filhos da mesma mãe. Entretanto, nessa irmandade, nem todos os mortais têm essa concepção de reconhecimento e gratidão. São meros seres vivos, como irracionais que, pela sobrevivência física e ideológica fazem o papel de verdadeiras feras predadoras. E, quando disso nos damos conta, muitas vezes é tarde demais, já temos criado e fortalecido um inimigo latente, pronto para nos devorar e causar os mais diversos malefícios à nossa terra-mãe e aos nossos irmãos. Para esse tipo de irmãos devemos está sempre atentos, para que eles nunca se sobreponham a nós, fazendo prevalecer os seus instintos grotescos de tirania e maldade.
Festejos de São Sebastião (Anos 50)
Necessário se faz, contudo, o nosso alto controle emocional na hora de escolhermos um verdadeiro líder para nossa família, que governe nossa casa e nos conduza com isenção e justeza, que conserve nosso lar com equilíbrio e sensatez, na paz e na prosperidade, visando, sempre, o bem estar de todos, sem perder de vista o futuro que irá acolher nossos descendentes, as gerações futuras. Assim poderemos cantar com patriotismo a música do ipuense Wilson Lopes “Ao Meu Ipu Querido”, que também - e tão bem - poderia ser o nosso hino de amor ao Ipu.
Oh meu Ipu querido,
Terra de São Sebastião,
Talvez que tenha sido aqui
O paraíso de Eva e Adão.
Oh meu Ipu querido,
Terra tradicional,
Eu me sinto orgulhoso
De tu seres o meu torrão natal.
Tenho amor à minha terra,
Que fica bem pertinho da serra,
São Sebastião
Que é o nosso padroeiro,
Peço que seja aqui
O meu suspiro derradeiro
Oh meu Ipu...
Antônio Tarcízio Aragão (Boris)
Ipu/CE, 07/09/2008
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8/27/2008
PARABÉNS, IPU!
168 ANOS!
Comemora aniversário
Nossa querida cidade
Lugar de gente alegre
Fartura e prosperidade
É a “Terra de Iracema”
Berço de canto e poema
De paz e felicidade
Tu és lembrada por todos!
Pois quem nunca ouviu falar
Daquela história contada
Que todos hão de lembrar
Da índia que aqui andava
E na Bica se banhava
Segundo Zé de Alencar?
Ipu, querida cidade
Lugar de muita beleza
Onde vive o Ipuçaba
De grandiosa riqueza
Um rio que nasce pertinho
E correndo de mansinho
Mostra toda sua grandeza
Rio que desce da serra
Demonstrando singeleza
Ao findar a Ibiapaba
É mostrada sua grandeza
O nosso cartão postal
Nossa Bica é sem igual
Exuberante natureza!
Ipu, hoje é o teu dia
Receba um grande abraço
Dos teus filhos e amigos
Que não desatam o laço
E amam muito esta terra
Este pezinho de serra
Que do céu é um pedaço!
Finalizando estes versos
Escritos com o coração
A cada ipuense eu deixo
Pequena reflexão
Você que ama a terrinha
Terra que é sua e minha
Por ela tem devoção?
Pois se tem chegou a hora
De mostrar como se faz
Para salvar nosso Ipu
De um destino voraz
Cuidando desta cidade
Com bastante lealdade
Muito zelo e muita paz!
Pois quem ama sua terra
E por ela tem respeito
Não a deixa mal-tratada
Basta só cuidar direito
Fazendo com devoção
E usando o coração
Pro Ipu ficar perfeito
Ricardo Aragão
Ipu, 26.08.2008
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8/25/2008
ABÍLIO MARTINS
Por Antonio Vitorino
Com muito orgulho, usarei este espaço para falar um pouco de meu bisavô, Abílio Martins. O texto abaixo, foi escrito pelo historiador Antônio Vitorino, companheiro do Grupo Outra História, baseado em informações cedidas por minha mãe, Celininha. Eis, pois, um breve histórico de quem foi o Dr. Abílio Martins:
Abílio Martins nasceu em Ipu no dia 21 de novembro de 1883. Filho do coronel Antônio Manoel Martins - fazendeiro e grande comerciante, possuindo estabelecimentos comerciais nos estados do Ceará, Piauí e Pará - e de Adelaide Timbó, Abílio freqüentou três anos do curso de medicina em Recife. Depois disso foi para o Rio de Janeiro, onde bacharelou-se em Ciências Jurídicas e sociais.
De acordo com o almanaque de 1961, Abílio Martins não abraçou “com amor a causa que lhe deu o pergaminho”. Ainda segundo o citado Almanaque Abílio gostava do jornalismo, “sendo bom poeta, prosador e dramaturgo” .Abílio escrevia para jornais de fortaleza e fundou no município de Ipu juntamente com Thomaz de Aquino Correia e Eusébio de Sousa, o Correio do Norte, o mais importante periódico fundado na Terra de Iracema e de circulação mais demorada (1918 – 1924).
Teve carreira política regular. Foi deputado estadual por duas legislaturas e depois chefe de polícia e segurança pública do Estado do Ceará no governo de Justiniano de Serpa (1920 – 1923). Em fins da década de 1920 aparece como chefe político e nome mais influente do Partido Democrata de Ipu. Como deputado apresentou em 1913, na assembléia Legislativa, um projeto, sendo aprovado, que autorizava a contratação de serviço de canalização de água da cidade.
Foram obras federais conseguidas por intermédio de Abílio Martins para o município de Ipu durante a seca de 1919, a construção do Açude Bonito e da Estrada Ipu-São Benedito.
Abílio Martins faleceu em 26 de setembro de 1923 de uma síncope cardíaca, quando exercia o cargo de Chefe de Polícia do Estado, aos 39 anos de idade.
No mesmo ano de sua morte, Ipu prestou-lhe homenagem, dando o seu nome à sua praça principal e a Estação Ferroviária da então localidade de Curupatí, que, também, veio mais tarde a denominar-se Abílio Martins. Seu nome também aparece numa rua do bairro da Parquelância, em Fortaleza.
Abílio Martins casou-se com Celina Carvalho Martins com quem teve cinco filhos: José Carvalho Martins que era bioquímico no rio de Janeiro tendo falecido no ano de 2000; Francelina Martins Araújo, viúva do ipuense Dr. Francisco Araújo; Adelaide Carvalho Martins, falecida aos 18 anos de idade; Antônio Carvalho Martins, funcionário público federal, falecido em 1992 e Guarany Carvalho Martins, contabilista, falecido em 1999.
Membro da Associação 7 de Setembro. É tido como o fundador do Gabinete de Leitura Ipuense, cujo idealizador foi Chagas Pinto. Passou a ser sócio honorário do Gabinete. Não aparece como membro das outras associações provavelmente por sua morte prematura em 1923.
Abílio Martins foi um dos líderes do partido democrata no município que deu suporte à candidatura em 1920 de Justiniano de Serpa, candidato situacionista. Foi por intermédio do jogo político que Abílio Martins junto com seus correligionários, que gozavam de prestígio junto ao governo do Estado, conseguiram a liberação de obras contra a seca para a cidade de Ipu.
Dados Biográficos extraídos em parte de “Dados Biográficos do Dr. Abílio Martins” cedido por Maria Francelina Martins Aragão, esposa de Antônio Tarcízio Aragão (Boris), neta de Abílio Martins.
Redação:
Antonio Vitorino
(Grupo Outra História)
Informações e Pesquisa:
Maria Francelina Martins Aragão
(Celininha)
Edição:
Ricardo Aragão
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8/17/2008
NO MEU IPU, O QUE MAIS DÓI...
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NÃO É A VELHA ESTAÇÃO DESPENCANDO,
TAMPOUCO NOSSA IGREJINHA RUÍNDO.
MAS DO JEITO QUE AS COISAS VÃO ANDANDO,
COM MUITA GENTE PRA ISSO TUDO RINDO,
É VER UM DIA O IPU, LEMBRANDO,
DAQUELE TEMPO QUE ERA TUDO LINDO.
MAS TENHO CRENÇA, MEU IPU QUERIDO,
QUE TUA GENTE DE PODER TÃO GRANDE,
TAL FORTE POVO, BRAVO E AGUERRIDO,
NÃO FUGIRÁ DA LUTA UM INSTANTE.
MAS MUDARÁ PRA SEMPRE ESTE ALARIDO
E FARÁ DE TI, DE NOVO, O IPU GRANDE.
RICARDO MARTINS ARAGÃO
DEZ/2006
Parodiando O que mais dói (Patativa do Assaré)
SETEMBRO: BICA SECA
Quando entrar setembro,
e a boa nova andar nos campos.
Quero ver brotar o perdão onde a gente plantou.
Juntos outra vez.
Já sonhamos juntos,
semeando as canções no vento.
Quero ver crescer nossa voz
no que falta sonhar.
Já choramos muito,
muitos se perderam no caminho.
Mesmo assim não custa inventar
uma nova canção que venha nos trazer.
Sol de primavera
abre as janelas do meu peito.
A lição sabemos de cor,
só nos resta aprender.
(Sol de primavera, Beto Guedes)
"Quando entrar setembro" em nossa Terra de Iracema, não temos nada de “boa nova”. Pelo menos em relação à Bica do Ipu, que praticamente “desaparece”.
“Já sonhamos juntos” por uma natureza não agredida pela ganância e irresponsabilidade do homem.
“Quero ver crescer nossa voz” na defesa de nosso meio ambiente e na manutenção de nossa Bica. Sempre viva! Perene! Caudalosa!
“Já choramos muito” pelas agressões causadas ao nosso Riacho Ipuçaba e pela falta de compromisso das pessoas que poderiam fazer algo para salvá-lo.
“Mesmo assim não custa inventar uma nova” ação “que venha nos trazer” a Bica e o Ipuçaba de volta.
Bica Seca: apesar de chocante, tenho que mostrar! Pois é assim que ela fica quando chegam os famigerados “bê-erre-o-brós” e, com eles, a escassez das águas do Ipuçaba que, somada à falta de conscientização daqueles que tiram do riacho seu sustento, não tomando os devidos cuidados para evitar o assoreamento de suas margens e a manutenção de suas matas ciliares, causa esse efeito horrendo: A NOIVA SEM VÉU!
Salvemos nosso Ipuçaba e recuperemos o esplendor da Bica do Ipu!
“A LIÇÃO SABEMOS DE COR, SÓ NOS RESTA APRENDER!”
Ricardo Aragão
12.09.07
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